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Notícia

Prefeitura Municipal de João Monlevade


Júlia Damasceno Leite: "Não fui lutadora. Eu sou lutadora"


Júlia Damasceno Leite: "Não fui lutadora. Eu sou lutadora"

 

Nestes tempos de tantas notícias que nos trazem lágrimas e preocupações, é uma dádiva, poder de certa forma, conhecer um pouco da história de uma mulher centenária. Nascida em junho de 1920, Júlia Damasceno Leite, aguardou com fé e esperança a vacina contra a Covid-19. Sorte do destino, a segunda dose veio justamente pelo carinho de uma das netas enfermeira que aplicou o imunizante. Dona Júlia já está ansiosa para rever os 12 netos, dez bisnetos e dois trinetos que também estão no aguardo das vacinas para abraçar a matriarca. 

 

Júlia teve três filhos. Hoje, apenas o caçula está vivo, o advogado Teotino Damasceno Filho. E, é ele quem cuida da mãe e nos momentos em que ela está mais falante, aproveita para filmar, tirar fotos e assim encaminhar para toda família, numa forma de encurtar a distância e também a saudade de todos.

De Alvinópolis para João Monlevade – A antiga professora e ex-cabelereira nasceu em Alvinópolis, morou em Dom Silvério, Rio Piracicaba, Bela Vista de Minas e por último João Monlevade, onde reside desde 1961.

 

“Minha mãe é uma mulher de muita fé e se apega muito a Deus”, conta com orgulho o filho, que define dona Júlia como uma mulher guerreira, visionária e que esteve sempre além de seu tempo. “Ela procurou ser independente e lutou para progredir. Construiu sua vida e de sua família, ajudando o meu pai trabalhando como cabeleireira”, explica Teotino.

 

Muito ativa e participativa, dona Júlia sempre foi o esteio de toda a família, assim como para os seus irmãos e também sobrinhos. “Ela sempre foi considerada a matriarca da família”, diz o filho.

 

Músicas:  Do radinho à pilha passando pela vitrola, dona Júlia sempre gostou muito de ouvir músicas, principalmente quando toca sua cantora favorita, a Ângela Maria.  E, devido a esse gosto musical apurado, ela compôs algumas músicas, como o samba, (ainda sem nome) que a faz cantar sempre que pode:

 

_"Vou sair, vou sambar....

Deixa de lado quem quiser falar.

A vida passa e a gente também,

Não sei se estou aqui, ano que vem.

Vamos sambar, meu bem

Não sei se estou aqui, ano que vem."_

 

Pés na estrada: Dona Júlia é uma mulher que sempre gostou de conhecer pessoas e lugares. Já foi ao Paraguai, Argentina e Uruguai. E, ao completar 80 anos, decidiu ir sozinha para Israel e Itália. Mas não parou por aí, ainda aos 82 anos sua vontade de colocar os pés na estrada falou mais alto e viajou para a África do Sul, lugar onde passou 30 dias.

 

Mulher solidária – O filho conta que a mãe sempre foi uma mulher de coração solidário. Ele recorda que ela saia em peregrinação pelos depósitos de construção da cidade pedindo um pouco de material para assim poder ajudar a erguer casas para famílias que precisavam de um lar. “No inverno, ela distribuía cobertores para famílias mais necessitadas”.

O único filho vivo se orgulha muito da mãe, que para ele, é uma guerreira vencedora. “Como mãe, avó, bisavó e tataravó, é um exemplo de vida para todos nós e até hoje nos ensina com belas palavras e seu exemplo de vida e de fé”, comenta.

Ao ser perguntada o que ela acha de si mesma e de tudo o que conquistou em mais de 100 anos de vida, Dona Júlia responde baixinho, mas com firmeza de ainda uma jovem senhora: “Não fui lutadora, eu sou lutadora!”.


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Última modificação em 15/03/2021