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Rosângela Ribeiro: “As mulheres, de uma maneira geral, são as mais afetadas pela pandemia”

 

Publicado em: 12/03/2021 17:14

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Mulher e Pandemia

Rosângela Ribeiro: “As mulheres, de uma maneira geral, são as mais afetadas pela pandemia”

 

A primeira série de entrevistas do “Mulher e Pandemia”, produzido pela Assessoria de Comunicação e Relações Públicas da Prefeitura de João Monlevade para comemorar o mês dedicado às Mulheres, encerra com uma entrevista com a médica psiquiatra Rosângela Guimarães Ribeiro.  Ela fala sobre o impacto da pandemia na vida de todos, mas principalmente das mulheres, que de uma maneira geral, são as primeiras a perderem os empregos por terem de cuidar dos filhos sem escola, ou dos pais já idosos, por conta do medo da contaminação. Além disso, muitas mulheres, principalmente as com mais idade têm sofrido com crises de ansiedade, pânico e outros traumas.  Acompanhe a entrevista.

 

Para a psiquiatra Rosângela Ribeiro, o medo da contaminação por conta do contato físico neste tempo de pandemia, a saudade de amigos e de familiares trouxe inúmeros transtornos, tanto na saúde física quanto na mental das pessoas. “Inicialmente passamos por uma situação de estresse que no caso da pandemia, é duradoura. E, esse estresse de forma crônica, pode  causar alterações neurofisiológicas que podem ter como consequência transtornos mentais mais graves. Esses transtornos podem ser: ansiedade, depressão, pânico, ou o transtorno obsessivo”, explica.

Transtornos  - Ela comenta que o transtorno obsessivo, que nesse caso se caracteriza pelo fato de se lavar as mãos compulsivamente é o  medo intenso de contaminação. Isso, segundo a médica,  leva a ruminação de ideias em ficar o tempo todo pensando que pode ter sido contaminado e isso desencadeia outros sintomas como sentimentos de raiva e de desamparo pela perda da liberdade.

Mulheres e o Trabalho – Segundo Rosângela Ribeiro, de uma maneira geral, as mulheres são as mais afetadas nesta pandemia, pois elas são as primeiras a perderem seus postos de trabalho ou então,  têm que abandonar  o serviço para cuidar das crianças que estão sem escola. Muitas ainda têm que ficar em casa para cuidar  dos pais que são idosos e que não podem sair. “Isso tudo pode gerar uma grande frustração nessas mulheres quanto ao futuro incerto e a questão da renda familiar que cai bruscamente”, diz.  Outra questão apontada pela médica psiquiatra é que, com o aumento de tempo de convivência com os parceiros  e com os familiares, muitas mulheres, ficam mais expostas à  violências físicas e morais,  além de abusos e de estupros.

Lições da pandemia – Rosângela Ribeiro explica que apesar de tudo que está acontecendo, ainda há como tirar lições neste confinamento. “Nesta perspectiva de morte,  passamos a valorizar mais a vida, a nossa vida e  a vida do outro. Passamos a valorizar o toque, o abraço,  a saúde física e mental e do ponto de vista coletivo, eu acredito que muitos de nós incorporamos ações solidárias. Veja o exemplo em nossa cidade, das pessoas que distribuem cestas básicas, ou as marmitas, as quentinhas com ações de ajuda às pessoas idosas como indo aos  supermercados, ou nas farmácias. Muitas dessas ações, ajudam a diminuir as desigualdades sociais que se incorporam em nosso país e  a gente consegue extrair dessa pandemia, questões positivas com certeza. Confio que  a gente vai conseguir passar por ela de uma forma menos traumática, menos dolorosa e podendo inclusive ajudar mais o próximo”, destaca.